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22 de dezembro de 2020

Território de aprendizagem: habitar, expandir, territoriar

Quando se ouve ou se lê a palavra “território” imaginamos um espaço, um pedaço de terra, um perímetro geográfico delimitado. Certo? Talvez você tenha pensado em outras referências, mas o que nós queremos é te convidar para olhar para essa palavra com olhos de quem vê as possibilidades de aprendizagem infantil. Vamos chamar aqui de territórios de aprendizagem. 

A pedagoga Aluah Bianchi Wojciechowski, coordenadora pedagógica da Escola Nova Geração, comenta que os estudos e discussões sobre os espaços e os tempos na escola da infância vêm crescendo e chamando a atenção dos educadores que trabalham com crianças pequenas. “Há muitas perspectivas diferentes por onde podemos olhar e refletir sobre isso, e, para mim, como educadora, uma das mais fascinantes é pensar sobre os territórios de aprendizagem”. 

O que são territórios de aprendizagem?

Nos territórios de aprendizagem, as fronteiras não são estabelecidas pelo adulto. São lugares onde a exploração é livre, a troca entre pares é totalmente possível e a descoberta ou a investigação podem ser solitárias ou em grupo.

E o adulto? Tem espaço para ele nesses territórios? Claro que sim, mas não para conduzir ou dirigir a criança. Nesse contexto, o adulto está presente para provocar e acompanhar a jornada de reconhecimento e a apropriação destes ambientes.  

Territórios de aprendizagem no ambiente escolar

Nas escolas, geralmente, é a equipe pedagógica quem organiza os territórios de aprendizagem. Para isso, avalia-se o perfil do grupo de crianças, as necessidades coletivas e, sempre que possível, são levados em consideração aspectos como as necessidades individuais, o contexto sociocultural das famílias e da própria escola. 

A partir de então se planeja, se escolhe os materiais e se constrói os ambientes sempre pensando em proporcionar profundas experiências e descobertas por parte das crianças.  “Ao contrário de uma perspectiva escolarizante, o professor imprime suas intenções pedagógicas na construção do território quando pensa ‘O que as crianças podem descobrir aqui se eu dispor os materiais dessa maneira?’, ‘E se eu colocar dessa outra forma?’, mas não define objetivos fechados e fragmentados do que a criança deve aprender”, explica Aluah.

Se não há uma definição exata do ponto de chegada, o território de aprendizagem acaba sendo um lugar de surpresas também para os adultos. Mesmo que eles consigam antecipar o que pode acontecer naquele ambiente, não é raro que as crianças superem todas as expectativas. Elas são capazes de criar experiências próprias e ressignificar materiais e espaços de forma completamente inusitada.

 A preparação dos territórios de aprendizagem

O trabalho em grupo para planejar os territórios de aprendizagem é infinitamente mais rico do que o trabalho feito apenas por um profissional da educação. A organização do espaço deve sempre levar em conta a variedade de materiais e a disposição estética dos elementos. 

A educadora Aluah dá um exemplo: “se o professor decide dispor apenas folhas de árvores e galhos em uma mesa, a criança terá algumas possibilidades de imaginar e criar coisas com eles, mas se coloca junto retalhos de tecido, cola e tinta, isso já pode provocar atitudes e atividades criadoras mais complexas por parte da criança. Quanto mais elementos o ambiente apresenta, especialmente os materiais naturais, não-estruturados e artísticos, maiores são as possibilidades de exploração, imaginação e aprendizagens por parte da criança”, contextualiza.

Habitar, expandir, territoriar

Nas duas oportunidades que teve de visitar a Escola dos Sonhos, em Florianópolis, Aluah percebeu que os territórios de aprendizagem são o fio condutor da proposta de ensino. “Tive a oportunidade de viver no corpo a experiência de habitar territórios. Na relação com os espaços e com outras educadoras, pude despir-me da adultez que enrijece e me descobrir como educadora brincante. Esses momentos trouxeram mudanças reais à minha forma de conceber a escola. Hoje, vejo – sinto! tateio! – a escola da infância como um grande território a ser construído, modificado e ressignificado por crianças e adultos, onde há espaço ao inesperado e ao encantamento”, conclui Aluah.

Localização da escola
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